Bem-vindo ao blogue do Centro de Língua Portuguesa do Camões, IP na Universidade da Extremadura /Cáceres

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30/01/21

O que escondem os livros: O Ano da morte de Ricardo Reis do autor José Saramago

José Saramago nasceu na aldeia portuguesa Azinhaga em 16 de novembro de 1922. Era filho de camponeses pobres. Passou sua infância no povoado de Azinhaga, a família se mudou um tempo para a Argentina, e depois se afinaram em Lisboa. Publicou seu primeiro romance, Terra do Pecado, em 1947. Embora com esta obra recebeu muito boas críticas Saramago decidiu permanecer sem publicar mais de vinte anos. Jornalista e membro do Partido Comunista Português sofreu censura e perseguição durante os anos da ditadura de Salazar. Juntou-se à chamada Revolução dos Cravos que levou a democracia a Portugal, em 1974.

Um autor muito influente nesta obra é Camões, do qual já sabemos muito, mas nunca é demais recordar. Luís de Camões foi um escritor e poeta português, geralmente considerado um dos maiores poetas em língua portuguesa; também escreveu alguns sonetos em castelhano. É um pouco duvidoso o que se sabe da vida do escritor. Outro autor muito influente é Fernando Pessoa e seus heterónimos. Fernando Pessoa nasceu 13 de junho de 1888, em Lisboa. Iniciou sua atividade de ensaísta e crítico literário com a publicação, em 1912 na revista Águia, do artigo. Saramago também foi um grande admirador de Fernando Pessoa, do qual também se conservam textos com certos parecidos nesta obra, em concreto com duas de suas obras Odes de Ricardo Reis e Mensagem

O autor argentino do qual falaremos mais tarde parece não ter muita relação com tudo o anterior, mas demonstrarei o contrário. Jorge Luis Borges foi escritor argentino considerado uma das grandes figuras da literatura em língua espanhola do século XX. Cultivador de variados gêneros, que muitas vezes se fundiu deliberadamente, Jorge Luis Borges ocupa um lugar excecional na história da literatura por seus relatos breves. Borges é sem dúvida o escritor argentino com maior projeção universal. Torna-se praticamente impossível pensar a literatura do século XX sem a sua presença, e assim o reconheceram não só a crítica especializada, mas também as sucessivas gerações de escritores, que voltam com insistência sobre suas páginas como se estas fossem pedreiras inextinguíveis da arte de escrever.

Em O ano da morte de Ricardo Reis, Saramago reúne características que são comuns em toda sua obra: passagem histórica, fatos improváveis ou impossíveis e engajamento político. A ironia na construção do protagonista transpassa todas essas características, marcando bem a presença de um narrador manipulador que, embora não trave diálogos abertos com o leitor, como o faz Machado de Assis, evidencia sua presença por meio de encontros, confrontos e diálogos inverosímeis. O tempo da narrativa ocorre no período entre guerras, que foi marcado por graves tensões políticas que culminaram na ascensão dos regimes totalitários em vários países, entre eles Portugal. A opção de Saramago pelo heterônimo Ricardo Reis para protagonizar uma história ocorrida na década de 1930, um dos períodos mais conturbados do século XX, seria absurda se não fosse irônica. Qualquer desavisado sobre as preferências políticas e o engajamento político de Ricardo Reis poderia entender que seu retorno à Portugal nesse período representaria um impulso à ação, ao combate, sobretudo porque a efervescência política da época era um contexto propício aos politizados, aos idealistas, aos belicosos… Mas Ricardo Reis é um ser politicamente marginal e desinteressado.

Concluo esta interpretação assinalando o Jorge Luis Borges, fazendo ênfase em sua influência na heteronímia “pessoana” e mostrando novamente que a literatura pode estar mais conectada do que acreditamos.


DPVS


29/01/21

A literatura como recurso didático para alunos PLE

 A literatura pode ser um recurso didático para o ensino, aprendizagem e aquisição de línguas estrangeiras. No que diz respeito ao ensino ou aprendizagem de PLE, a sua presença na sala de aula é cada vez mais frequente devido à sua versatilidade para integrar e promover na sala de aula com relativa facilidade a aquisição e aperfeiçoamento de todas as competências básicas e o desenvolvimento das competências literárias, linguísticas, comunicativas, pragmáticas e culturais; graças, sobretudo, à sua capacidade de engajar literatura, língua e cultura. Com o passar dos anos, foram-se desenvolvendo novas táticas e propostas de aprendizagem que favoreceram a inclusão e aproveitamento de fragmentos, textos e obras literárias nas aulas de PLE. De facto, apesar de ser hoje um tema bastante debatido, deveria ser garantida a sua integração nos processos de ensino. Por conseguinte, o ponto 2.2 da teoria justifica a aplicação da literatura no ensino-aprendizagem de PLE e destaca algumas das múltiplas formas de exploração didática dos textos literários.

Atualmente, a presença da literatura no ensino da PLE é mais do que evidente; basta rever alguns manuais de ensino para comprovar que na maioria deles o texto literário se encontra presente. No entanto, a sua aplicação didática e a finalidade com que é introduzida nas aulas de português nem sempre é literária; de facto, é bastante frequente utilizar o texto literário como pretexto para o ensino da gramática ou como recurso para a aquisição de novo vocabulário. Então, tendo em conta o uso que a literatura faz em tais casos, cabe perguntar-se o que é que impulsa aos professores de PLE a escolher um texto literário se do que se trata é de ensinar gramática ou, simplesmente, que os estudantes ampliem seu léxico, quando têm à sua disposição infinidade de textos não literários que poderiam ser igualmente utilizados na sala de aula para esta finalidade. Se refletirmos sobre isso, chegaremos à conclusão de que não tem muito sentido selecionar um fragmento literário e menos quando muitas vezes se considera que o literário é um texto inacessível, intrincado e pouco adequado para o ensino de línguas, então talvez sua seleção possa ser motivada pela capacidade da literatura de entreter, atrair e ensinar.

Dos recursos oferecidos para trabalhar com textos literários nas aulas de PLE, qualquer um deles me parece útil na sala de aulas, mas podem sempre escolher um dos que está disponível na Biblioteca Camões.

 

 DPVS

28/01/21

O papel da gramática em alunos PLE

 O que se conhece por gramática pedagógica? 

Com a expressão gramática pedagógica designa-se o conjunto de recursos e procedimentos com os quais no ensino de segundas línguas se promove um melhor desenvolvimento da interlíngua entre os alunos. Por um lado, refere-se a uma gramática do português para estrangeiros. Esta consiste num compêndio de questões gramaticais, geralmente de morfologia e sintaxe, às quais se dá um tratamento descritivo-prescritivo; a extensão e profundidade do seu conteúdo dependerão de um conjunto de fatores variáveis, tais como o nível educativo dos alunos a que se destina, a sua língua de origem e os contrastes que esta tem com o português, etc. Por outro lado, alude também às seções e atividades dum curso de língua ou dum manual de ensino onde dedicam especial atenção à morfologia e à sintaxe, ou seja, à seleção e apresentação dos conteúdos gramaticais do curso. Finalmente, apresenta as técnicas e procedimentos com que uma determinada abordagem é aplicada no ensino e na aprendizagem da gramática da língua portuguesa. 

Quais são as caraterísticas duma gramática pedagógica? 

A gramática pedagógica do português como língua estrangeira tem como objetivo facilitar a compreensão e o domínio da língua, tanto do seu sistema como dos seus diferentes usos por parte de falantes não nativos. Para isso, efetua uma seleção de conteúdos tendo em conta:

·     O estado atual da língua e seus usos, frente a estados históricos superados, ainda que sejam muito recentes.

·     O modo em que efetivamente usam a língua os falantes nativos frente ao modo em que a normativa estabelece que deveriam utilizá-la.

·      Os fenómenos mais frequentes nas utilizações linguísticas através duma seleção de particularidades e exceções.

·     Os valores da comunicação mais frequentemente associados a determinadas formas de expressão. 

·     Outros fenómenos para além dos oferecidos pelas gramáticas descritivas ou normativas para falantes nativos, decorrentes das necessidades comunicativas e cognitivas dos alunos.

Além disto, também atende aos fenómenos de variação linguística recolhendo usos tanto orais como escritos e informando sobre registos sociais (adequação ao contexto). Trata fenómenos dos diferentes níveis de descrição da língua (fonético e fonológico, morfológico, sintático e semântico pragmático) estabelecendo as necessárias relações entre eles. Adota e integra as contribuições mais úteis dos diferentes modelos teóricos seja o estruturalismo, a linguística do texto, etc. Utiliza uma nomenclatura adequada às possibilidades de compreensão do destinatário. Os critérios de clareza e de eficácia prevalecem sobre o de rigor científico, já que nalguns casos, é necessário simplificar algumas explicações para facilitar a compreensão dos destinatários. Em suma, se tem em conta o conhecimento implícito da gramática que possui o aluno na sua língua nativa. 


DPVS

27/01/21

A importância do conteúdo cultural no ensino

 Um dos problemas centrais com que atualmente nos confrontamos é a impossibilidade de não incluir os conteúdos culturais como elementos fundamentais para o ensino de uma língua estrangeira. Não há consenso e há poucas linhas de ação precisas que nos ajudem aos docentes a selecionar que conteúdos socioculturais incluir e como enfocar sua instrumentação. Falarei especificamente dos pressupostos de cultura geral e das representações do mundo que os interlocutores têm. 

O desenho de uma unidade didática contempla a necessidade de incluir, como elemento indispensável, os conteúdos culturais. Na sua gestação, partimos da premissa de que a experiência devia ser fortemente intercultural, no sentido de permitir que os alunos estrangeiros interagissem muito com falantes nativos em situações reais de comunicação. Por isso, toda a organização das tarefas entre alunos e professores se orienta precisamente para fomentar as interações. Embora possa ser conveniente, não é necessário incluir os conteúdos culturais no quadro de competências académicas, já que se a atividade tem boa apresentação, o aluno recebe os conteúdos do mesmo modo. 

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26/01/21

Nem tudo é praxe

 A Queima das Fitas é uma festa universitária que se celebra durante o mês de maio em diferentes pontos de Portugal, especialmente em Coimbra, para festejar o fim dos estudos. Sabem o que são as fitas? É um conjunto de fitas coloridas, cada uma delas representa a licenciatura de cada aluno. Agora que já sabem o que representa a Fita, saibam porque as queimam carregando seu traje académico.

Como foi indicado antes, a Queima em Coimbra é muito popular, já que além de marcar o fim de estudos e uma mudança de etapa para os estudantes, também indica que partirão da cidade. Um concerto de fado  - serenata - em frente às escadas do centro histórico abre o evento e durante uma semana realizam-se festas por toda a cidade.

Isto não é tudo, o Cortejo dos Quartanistas é um desfile de carros de corrida desenhados pelos estudantes do penúltimo ano, onde, durante uma tarde completa, os alunos distribuem aperitivos e cerveja por todos os participantes. Podem imaginar o ambiente que esta celebração provoca. Quando acaba a celebração, é quando faz sentido a saudade para os alunos, não é?



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25/01/21

Na crista da onda!

 Nazaré, uma aldeia pesqueira da costa portuguesa, tornou-se no lugar mais desejado pelos amantes do surf. Há cinco anos, a Praia do Norte, onde se celebra o maior campeonato de surf, acolhe com os braços abertos numerosos apaixonados das grandes ondas vindos de diferentes pontos do mundo e capazes de conseguir recordes mundiais com ondas superiores aos vinte metros de altura. 

Nesse evento, dez equipas enfrentam o mar agitado para superar o recorde do brasileiro Rodrigo Koxa, conseguido em 2017 ao burlar uma onda de pouco mais de vinte e quatro metros. Este ano, devido à difícil situação que atravessamos, teve uma duração fugaz de um dia, um evento mais simbólico do que competitivo, mas seguindo as normas de saúde impostas pela pandemia do COVID-19. 

Terão que esperar até 2022 para desfrutar da próxima edição do Nazaré Tow Surfing Challenge e ver como se desenvolvem as novas gerações de surfistas nesse campeonato, que sofre uma redução de participantes mas conta com a transmissão ao vivo através das principais plataformas digitais.



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