A influência é como o arco-íris, vê-se, mas não se sabe bem onde
começa nem onde acaba. Ela depende do poder que se tem, da carreira que
se construiu, da fortuna que se possui, da rede que se teceu e da imagem
que se projeta. A influência é poder, é dinheiro, é a capacidade de
conseguir que as coisas aconteçam. É a qualidade de mudar o curso dos
acontecimentos, das decisões.
A influência pode medir-se pelo currículo
e pelos cargos ocupados, a presença mediática, o reconhecimento pelos
pares nas áreas de carreira, o impacto social, profissional, político,
empresarial,e a fortuna. Mas, como diz o escritor alemão Hans Magnus
Enzensberger, a influência vai além do poder: “Não sou o tipo de pessoa
que quer exercer o poder. Interessa-me mais a capacidade de influir.
Pode ter-se influência sem poder.”
O contexto e o momento condicionam as escolhas. O Diário de Notícias,
de
9 de outubro de 2010, elencava as quatro mulheres mais influentes
nos negócios na altura e que eram Cláudia Goya, que então dirigia a
Microsoft Portugal, Ana Maria Fernandes, CEO da EDP Renováveis, Vera
Pires Coelho, CEO da Edifer, e, a única que ainda hoje se mantém com uma
posição relevante, Esmeralda Dourado, que aos 57 anos deixou a
liderança executiva da SAG para ter tempo para uma “segunda vida”.
Neste estudo procurou fazer-se uma leitura mais ampla e diversificada
da influência que em 2015 as mulheres têm na vida económica, social,
cultural, artística e científica. Pode verificar-se que durante algum
tempo a justiça em termos da sua organização estava determinada pelo
poder de quatro mulheres: Joana Marques Vidal, como procuradora-geral da
República; Paula Teixeira da Cruz, como ministra da Justiça; Maria José
Morgado,
no DCIAP; e Elina Fraga, como bastonária da Ordem dos
Advogados. Curiosamente, no governo liderado por António Costa, o
ministério da Justiça volta a ter uma mulher, Francisca Van-Dunem e
assim se mantém a liderança feminina.
Há quem tenha influência porque tem peso na gestão e nas empresas
como Esmeralda Dourado ou Isabel Vaz, dimensão artística como Paula
Rego, Maria João Pires, Joana Vasconcelos e Mariza ou porque atingiu uma
projeção científica como Maria Manuel Mota ou Elvira Fortunato. O setor
social está representado por Isabel Jonet, presidente do Banco
Alimentar, e
por Leonor Beleza, presidente da Fundação Champalimaud.
Mais pacífica é a presença e o impacto de figuras mediáticas como
Cristina Ferreira, apresentadora, ou Judite de Sousa, jornalista, ambas
da TVI.
Nesta lista é interessante destacar
a importância de uma empresária
estrangeira como é Isabel dos Santos, cujas participações em empresas
portuguesas lhe dão um peso relevante. A empresária angolana integra o BBC 100 Women que seleciona as 100 mulheres que fizeram a diferença em 2015, as “inspirational women”.
É significativo também o facto de a política ter permitido que
algumas destas mulheres cimentassem a sua influência, como Paula
Teixeira da Cruz, Leonor Beleza, Maria Luís Albuquerque, Assunção
Esteves ou Manuela Ferreira Leite. Os caminhos para a influência são
muitos, mas só alguns podem aspirar a detê-la.