As sessões decorrem no Salón de Actos do Instituto de Lenguas Modernas (Cáceres), às 19h00.
A entrada é gratuita e limitada à lotação da sala.
Dom Casmurro conta a história de Bento Santiago (Bentinho), apelidado de
Dom Casmurro por ser calado e introvertido. Em adolescente apaixona-se
por Capitu, abandonando o seminário e, com ele, os desígnios traçados
por sua mãe, Dona Glória, para que se tornasse padre. Casam-se e tudo
corre bem, até o amor se tornar ciúme e desconfiança. A dúvida da
traição de Capitu percorre toda a obra, agravada pela extraordinária
semelhança do filho de ambos, Ezequiel, com Escobar, o grande amigo de
Bentinho.
No casino de Lisboa, onde este discurso foi proferido em 1871,
Antero de Quental analisava o que levara à estagnação e decadência
de Portugal e Espanha a partir do séc. XVI, querendo daí tirar ilações
para um futuro diferente. Se hoje o autor pudesse voltar a discorrer
sobre o tema, o título da sua conferência seria o mesmo com uma
ligeira diferença: Causas da Decadência de Portugal nos últimos 4 séculos e
meio, pois 139 anos passaram desde então e, pelos menos em Portugal,
continuamos a sentir que nem os nossos representantes têm força
mobilizadora, séria e construtiva para reerguer o país nem o povo tem
vontade de mudar a sua mentalidade fatalista, deixar de encolher os
ombros e construir um Portugal ao nível das suas reais potencialidades.
Este texto, mais de que um documento histórico, pode e deve actuar
como um despertar de consciências e uma intimação à mudança.
Laura Albuquerque é uma conhecida jornalista de televisão que se mudou
recentemente para um condomínio de luxo. José Maria Cristiano é um
corretor da bolsa que aí vive e que observa obsessivamente a sua nova
vizinha através das câmaras de vigilância do prédio. José Maria e Laura
são, sobretudo, dois seres irremediavelmente sós que, ao mesmo tempo,
desejam e receiam amar e ser amados. Um dia, a jornalista convida o
corretor para o seu programa de televisão e depressa se percebe a
atração que sentem um pelo outro. Será que o amor ainda é possível?
No seu esperado regresso ao romance, Possidónio Cachapa colhe um livro
onde a Natureza e o Homem vivem misturados, moldando-se e afeiçoando-se
mutuamente, enquanto o tempo se some como um carreiro de água em terra
seca.
Diz-se
que a origem dos "lenços dos namorados" remonta aos Séculos XVII -
XVIII, quando as Senhoras bordavam para passar tempo, sendo que, ao
longo dos anos, foram sendo adaptados para as mulheres do povo.
Podia
também acontecer os lenços serem motivo de uma simples brincadeira ou
troca de palavras. Nas festas os rapazes tiravam os lenços das
raparigas simulando uma ligação amorosa. Quando o rapaz já tinha
namorada o facto de simular uma ligação com outra ao roubar-lhe o lenço
era muitas vezes motivo de desavença entre a sua namorada e aquela a
quem o lenço tinha sido roubado. Quando
eram utilizados pelas suas "donas" no seu traje de festa, os lenços eram
colocados do lado direito da cintura, deixando pender uma das pontas,
dando assim à sua indumentária uma graciosidade particular.
Entre Banguecoque e Las Vegas, José Luís Peixoto regressa à não-ficção
com um livro surpreendente, repleto de camadas, de relações imprevistas,
transitando do relato mais íntimo às descrições mais remotas e
exuberantes.
O Caminho Imperfeito é, em si próprio, a longa viagem a uma Tailândia
para lá dos lugares-comuns do turismo, explorando aspetos menos
conhecidos da sua cultura, sociedade, história, religiosidade, entre
muitos outros.
A infância, o Alentejo, o amor, a escrita, a leitura, as viagens, as
tatuagens, a vida. Através de uma imensa diversidade de temas e
registos, José Luís Peixoto escreve sobre si próprio com invulgar
desassombro. Esse intimismo, rente à pele, nunca se esquece do leitor,
abraçando-o, levando-o por um caminho que passa pela ternura mais
pungente, pelo sorriso franco e por aquela sabedoria que se alcança com o
tempo e a reflexão. Este é um livro de milagre e de lucidez. Para
muitos, a confirmação. Para outros, o acesso ao mundo de um dos autores
portugueses mais marcantes das últimas décadas.
Desde o interior da ditadura mais repressiva do mundo, desde um país
coberto por absoluto isolamento, Dentro do Segredo. Em abril de 2012,
José Luís Peixoto foi um espectador privilegiado nas exuberantes
comemorações do centenário do nascimento de Kim Il-sung, em Pyongyang,
na Coreia do Norte.
Numa aldeia do Alentejo, com um pano de fundo de uma severa pobreza, o
autor vai tecendo histórias de homens e mulheres, endurecidos pela fome e
pelo trabalho, de amor, ciúme e violência: o pastor taciturno que vê o
seu mundo desmoronar-se quando o diabo lhe conta que a mulher o engana; o
velho e sábio Gabriel, confidente e conselheiro; os gémeos siameses
Elias e Moisés, cuja terna comunhão se degrada no momento em que um
deles se apaixona; ou o próprio Diabo. As suas personagens são
universais, assim como a sua esperança face à dificuldade. «... a partir
da segunda ou terceira sequência ficamos seguros de que a inclinação é
fatal: vamos embater num limite, num muro, num enigma, na origem do
mundo e no desastre final...»
«Então, fechei os olhos com força
e fixei-me no que via. Esta era
uma das coisas que fazia desde
pequeno, que tinha descoberto
por acaso e que imaginava ser eu
a única pessoa a fazer no mundo.
Fechava os olhos e via. Via o que
se vê com os olhos fechados (...)
Isto é o que se vê quando
fechados os olhos e continuamos
a ver: a cor negra e os pequenos
seres de luz que a habitam. E não
se consegue olhar fixamente nem
para o negro nem para a luz. Os
pontos ou as linhas ou as figuras
de luz fogem da atenção. O negro
é tão absoluto, tão profundo, tão
infinito que o olhar avança por
ele sem encontrar um lugar onde
possa deter-se. Mas, naquela
noite, comecei a distinguir algo
dentro desse negro.»
Este livro elege como cenário a extraordinária saga da emigração
portuguesa para França, contada através de uma galeria de personagens
inesquecíveis e da escrita luminosa de José Luís Peixoto. Entre uma vila
do interior de Portugal e Paris, entre a cultura popular e as mais
altas referências da literatura universal, revelam-se os sinais de um
passado que levou milhares de portugueses à procura de melhores
condições e de um futuro com dupla nacionalidade. Avassalador e
marcante, Livro expõe a poderosa magnitude do sonho e a crueza,
irónica, terna ou grotesca, da realidade. Através de histórias de vida,
encontros e despedidas, os leitores de Livro são conduzidos a um final
desconcertante onde se ultrapassam fronteiras da literatura. Livro
confirma José Luís Peixoto como um dos principais romancistas
portugueses contemporâneos e, também, como um autor de crescente
importância no panorama literário internacional.
Galveias está entre os grandes romances alguma vez escritos sobre a ruralidade portuguesa.
"Então não havia o Afeganistão, a Somália, o Irão ou a Colômbia, países
ideais para um americano morrer de morte matada, sem levantar muitas
comoções nem pasmos, pois eram territórios já habituados a serem
tratados de promotores e antros de horripilantes anti americanismos ? Aí
tanto fazia, mais um menos um, não provocava qualquer crise mundial.
Porque iria logo escolher a pacífica Benguela, onde, de memória de
gente, nunca nenhum americano tinha morrido, nem mesmo quando os ianques
andaram a apoiar, abertamente ou de caxexe, os famigerados terroristas,
linguagem oficial de um dos lados, lídimos e heróicos defensores da
democracia no dizer do outro lado? Mas foi isso que aconteceu, o
engenheiro gringo bateu subitamente a caçoleta na pachorrenta cidade das
acácias rubras, para grande tristeza e preocupação dos governantes,
locais e nacionais, e perante a indiferença da maioria da população,
ocupada na legítima e cada vez mais problemática azáfama de sobreviver."
Após uma derrocada numa obra, Paulo (Filipe Duarte) perde o emprego porque denunciou a situação. A sua relação com a mulher (Isabel Abreu) vai deteriorando-se dia após dia. Anabela, a irmã de Paulo, vive com o pai de ambos, que sofre síndrome do ultramar. Bela (Lavínia Moreira) é enfermeira e o único conforto de um doente terminal.