A biblioteca do CLP/C tem o prazer de apresentar outro novo livro: Portugal, de um dos autores mais importantes da literatura portuguesa, Miguel Torga.
-Sobre o livro:
Uma das paixões de Miguel Torga é conhecer Portugal. Desde os tempos de
Leiria, percorre o país de lés a lés, registando as paisagens, os
monumentos, os modos de falar, os sabores do pão e do vinho, a feição
das gentes. Em finais dos anos 40 viaja de automóvel com um amigo
igualmente entusiasta, Fernando Valle Teixeira, cuja família tem casa na
Quinta da Raposeira, em Lamego.
As férias em Trás-os-Montes, a caça, as idas anuais às termas do Gerês são também meios de conhecer palmo a palmo, com uma erudição adquirida pelos pés, os socalcos do Douro, a povoação mais remota, a capelinha românica abandonada, o castro em ruínas, as fragas mais altas da Calcedónia. Em 1950 publica o livro Portugal, uma invenção de Portugal (na fórmula feliz de um crítico francês) que é a expressão dessa aprendizagem, dessa decifração e dessa compreensão da pátria.
As férias em Trás-os-Montes, a caça, as idas anuais às termas do Gerês são também meios de conhecer palmo a palmo, com uma erudição adquirida pelos pés, os socalcos do Douro, a povoação mais remota, a capelinha românica abandonada, o castro em ruínas, as fragas mais altas da Calcedónia. Em 1950 publica o livro Portugal, uma invenção de Portugal (na fórmula feliz de um crítico francês) que é a expressão dessa aprendizagem, dessa decifração e dessa compreensão da pátria.
-Sobre o autor:
Miguel Torga é pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, autor de uma produção literária
vasta e variada, largamente reconhecida. Nasceu em S. Martinho de Anta
em 1907. Depois de uma experiência de emigração no Brasil durante a
adolescência, cursou Medicina em Coimbra, onde passou a viver e onde
veio a falecer em 1995. Foi poeta presencista numa primeira fase; a sua
obra abordou temas bucólicos, a angústia da morte, a revolta, temas
sociais como a justiça e a liberdade, o amor, e deixou transparecer uma
aliança íntima e permanente entre o homem e a terra. Estreou-se com Ansiedades, destacando-se no domínio da poesia com Orfeu Rebelde, Cântico do Homem, bem como através de muitos poemas dispersos pelos dezasseis volumes do seu Diário; na obra de ficção distinguimos A Criação do Mundo, Bichos, Novos Contos da Montanha, entre outros. O Diário ocupa um lugar de grande relevo na sua obra. Também como escritor dramático, publicou três obras intituladas Terra Firme, Mar e O Paraíso.
Recebeu o Prémio Camões em 1989 e o prémio Vida Literária (atribuído
pela Associação Portuguesa de Escritores) em 1992.
Existem outros livros deste autor na biblioteca do CLP/C:
Bichos
Incluído no Plano Nacional de Leitura, Bichos é um dos mais lidos e famosos livros de Miguel Torga.
A respeito desta obra dirigia-se ao leitor com as seguintes palavras:
«São horas de te receber no portaló da minha pequena Arca de Noé. Tens sido de uma constância tão espontânea e tão pura a visitá-la, que é preciso que me liberte do medo de parecer ufano da obra, e venha delicadamente cumprimentar-te uma vez ao menos. Não se pagam gentilezas com descortesias, e eu sou instintivamente grato e correcto. Este livro teve a boa fortuna de te agradar, e isso encheu-me sempre de júbilo. […]
És, pois, dono como eu deste livro, e, ao cumprimentar-te à entrada dele, nem pretendo sugerir-te que o leias com a luz da imaginação acesa, nem atrair o teu olhar para a penumbra da sua simbologia. Isso não é comigo, porque nenhuma árvore explica os seus frutos, embora goste que lhos
A respeito desta obra dirigia-se ao leitor com as seguintes palavras:
«São horas de te receber no portaló da minha pequena Arca de Noé. Tens sido de uma constância tão espontânea e tão pura a visitá-la, que é preciso que me liberte do medo de parecer ufano da obra, e venha delicadamente cumprimentar-te uma vez ao menos. Não se pagam gentilezas com descortesias, e eu sou instintivamente grato e correcto. Este livro teve a boa fortuna de te agradar, e isso encheu-me sempre de júbilo. […]
És, pois, dono como eu deste livro, e, ao cumprimentar-te à entrada dele, nem pretendo sugerir-te que o leias com a luz da imaginação acesa, nem atrair o teu olhar para a penumbra da sua simbologia. Isso não é comigo, porque nenhuma árvore explica os seus frutos, embora goste que lhos
comam. Saúdo-te apenas nesta alegria natural, contente por ter
construído uma barcaça onde a nossa condição se encontrou, e onde
poderemos um dia, se quiseres, atravessar juntos o Letes […].»
Contos da Montanha
Miguel Torga publicou em 1941 o livro de contos Montanha, que
imediatamente foi apreendido pela polícia política. Em carta de Abril
desse ano, Vitorino Nemésio, solidarizando-se com o amigo, escreveu a
propósito dessa apreensão: «Acho a coisa tão estranha e arbitrária que
não encontro palavras. De resto, para quê palavras se nelas é que está o
crime?» Mais tarde, em 1955, Miguel Torga fez uma segunda edição no
Brasil, com o título Contos da Montanha. A edição da Pongetti circulou
clandestinamente em Portugal, assim como a 3.ª edição, de 1962. Em 1968,
a obra Contos da Montanha foi de novo publicada em Coimbra, em edição
do autor.
Novos Contos da Montanha
Esta obra retrata a dureza do mundo rural
português recorrendo a uma linguagem
simples mas cuidada.
Histórias que giram em torno de personagens duras e terrosas que têm como cenário de fundo a paisagem transmontana que ilustram o confronto do homem contra as leis divinas e terrestres que o aprisionam.
Histórias que giram em torno de personagens duras e terrosas que têm como cenário de fundo a paisagem transmontana que ilustram o confronto do homem contra as leis divinas e terrestres que o aprisionam.
Antologia Poética
Excertos
Gostaria de conversar contigo alguns momentos no pórtico desta antologia. Para já, quero que saibas que hesitei muito antes de me decidir a organizá-la. Perguntava a mim mesmo se seria legítimo desirmanar cada um dos poemas que nela agora figuram dos outros com que emparelham em livros entendidos como unidades redondas. Temia, além disso, a precariedade do critério que os escolhesse. Nem sempre um autor é bom juiz em causa própria. […] Mas como a minha vida é um extenso rol de perplexidades e nunca saí de nenhuma em perfeita paz de espírito, resolvi averbar à conta mais uma parcela e levar a empresa por diante. É que, contra todas as razões, seduzia-me a perspectiva de reviver o longo caminho órfico que iniciei às cegas, calcorreei a tactear e estou em vias de concluir de olhos abertos, no espanto de quem vê finalmente, a plena luz, a fundura dos abismos a que desceu."
Fonte: www.wook.pt