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01/03/18

Novos livros da Biblioteca do CLP/C: "Fronteiras Perdidas" e "Estação das Chuvas"

O CLP/C apresenta Fronteiras Perdidas e Estação das Chuvas, de José Eduardo Agualusa. 

Sobre os livros: 

- Fronteiras Perdidas

 Um morto da guerra descansa numa caneca de leite, a meio da noite, em Luanda. Está um passageiro transformado em serpente no lavabo de um avião. Um elevador, no Recife, foi desviado para Cuba por alturas do quarto andar. Um hotel em que alguém afirma que dormiu está abandonado há anos. E Plácido Domingo contempla o rio, em Corumbá. O sonho, o delírio, a vergonha, a fé, a pele, a memória, o feitiço, o nome, o ódio e a entrega são territórios de exílio e, nessa condição, lugares de morança. 
Misturam-se com uma fluidez voraz: são fronteiras perdidas, linhas de vida de outra maneira, um catálogo de paisagens oníricas. Histórias que não são visíveis mas são visitáveis. Este livro é um caminho para elas e encerra pequenas sabedorias, sendo a maior: não existem sítios, apenas posições. E como diz um dos percursos: «Não há mais lugar de origem.» 




Estação das Chuvas


Biografia romanceada de Lídia do Carmo Ferreira, poetisa e historiadora angolana, misteriosamente desaparecida em Luanda, em 1992, após o recomeço da guerra civil, transporta-nos desde o início do século até aos nossos dias através de um cenário violento e inquietante. Um jornalista (o narrador) tenta descobrir o que aconteceu a Lídia, reconstruindo o seu passado e recuperando a história proibida do movimento nacionalista angolano; pouco a pouco, enquanto a loucura se apropria do mundo, compreende que o destino de Lídia já não se distingue do seu. 


 



- Sobre o autor:


José Eduardo Agualusa nasceu na cidade do Huambo, em Angola, a 13 de dezembro de 1960. Estudou Agronomia e Silvicultura em Lisboa. É jornalista. Viveu em Lisboa, Luanda, Rio de Janeiro e Berlim. É autor dos livros A Conjura (romance, 1988), Prémio Revelação Sonangol, A Feira dos Assombrados (contos, 1992), Estação das Chuvas (romance, 1996), Nação Crioula (romance, 1998), Grande Prémio de Literatura RTP, Fronteiras Perdidas (contos, 1999), Grande Prémio de Conto da APE, A Substância do Amor e Outras Crónicas (crónica, 2000), Estranhões e Bizarrocos, com Henrique Cayatte, (infantil, 2000), Prémio Nacional de Ilustração e Grande Prémio de Literatura para Crianças da Fundação Calouste Gulbenkian, Um Estranho em Goa (romance, 2000), O Ano Que Zumbi Tomou o Rio (romance, 2002), O Homem Que Parecia Um Domingo (contos, 2002), Catálogo de Sombras (contos, 2003) e O Vendedor de Passados (romance, 2004). As suas obras estão traduzidas para diversas línguas europeias. 


   Na biblioteca do CLP/C existem outros livros deste autor:


 O Ano em Que Zumbi Tomou o Rio


Os morros do Rio de Janeiro estão a arder. Aproxima-se o dia em que a guerra descerá sobre os bairros ricos da cidade. Um antigo coronel do Ministério da Segurança de Estado de Angola, que trocou o seu país pelo Brasil, fugindo às armadilhas de um amor feroz e ao tormento da memória, prepara esse dia. Um jornalista mergulha no incêndio dos morros cariocas em busca de respostas a perguntas que poucos se atrevem a colocar. Tudo isto acontece agora. Zumbi, o mítico herói do Quilombo de Palmares, voltou para tomar o Rio.


 Catálogo de Sombras

 Fernando Pessoa exilado interessa-se pelo candomblé. Descendentes de um marinheiro de Vasco da Gama, em Malindi, no Quénia, cantam a História para melhor a preservarem. Numa praia de Pernambuco, um pescador sonha uma baleia e lança-a ao mar. O filho de um oficial de Nicolau II, o último czar da Rússia, atravessa o Sul de Angola carregando uma velha máquina de projetar. Viaja de bicicleta, com o seu ajudante, o jovem James Dean, entre o Lubango e a Humpata, entre a Huila e a Chibia. Leva um lençol branco, prende-o à parede de uma cubata, prepara o projetor e passa o filme; James Dean pedala a sessão inteira para produzir a eletricidade. São sombras à deriva. Homens que caem em direção à luz. 


D. Nicolau Água-Rosada e Outras Estórias Verdadeiras e Inverosímeis

O conjunto de contos aqui reunidos organiza-se, na sua aparente diversidade, com uma coerência estruturada por uma espécie de «lógica onírica», onde as paisagens históricas, sociais, metafísicas e morais, confluem numa operação de invenção imaginária.

... O primeiro grupo de contos, estórias acontecidas, fundamenta-se em acontecimentos históricos, como é o caso da vida de D. Nicolau Água-Rosada, príncipe do Reino do Congo, ou ainda em acontecimentos do quotidiano noticiados em jornais, factos cuja importância a selecção mais ou menos arbitrária da história não memorizou, mas entre uns e outros um mesmo processo se desenvolve: o carácter surpreendente da sua aparente normalidade.
... Procura-se mostrar o momento em que a história se transforma em literatura, em artifício, e o modo como a subjectividade do narrador que, voluntariamente vai ficcionalizando a história, faz com que o facto literário ganhe precedente sobre o histórico, ou o ilumine com a imaginação intemporal da visão onírica. Nesta perspectiva, qual será a memória com que o leitor ficará acerca de D. Nicolau, será a do príncipe morto a machete ou a que nos sugere o conto, teatralmente flutuante junto à lua, qual ícaro prestidigitador que permanece sonhando os movimentos ascensionais de vôo em direcção à liberdade e à autonomia?

Ana Mafalda Leite (no posfácio a este livro)


 O Vendedor de Passados

Félix Ventura escolheu um estranho ofício: vende passados falsos. Os seus clientes - prósperos empresários, políticos, generais, enfim, a emergente burguesia angolana - têm o futuro assegurado. Falta-lhes, porém, um bom passado. Félix fabrica-lhes uma genealogia de luxo e memórias felizes, e consegue-lhes os retratos dos ancestrais ilustres. 
A vida corre-lhe bem. Uma noite entra-lhe em casa, em Luanda, um misterioso estrangeiro à procura de uma identidade angolana. Então, numa vertigem, o passado irrompe pelo presente e o impossível começa a acontecer. Sátira feroz, mas divertida e bem-humorada, à atual sociedade angolana, O Vendedor de Passados é também (ou principalmente) uma reflexão sobre a construção da memória e os seus equívocos.


 As Mulheres do Meu Pai

Ao morrer, o famoso compositor angolano Faustino Manso deixou sete viúvas e dezoito filhos. A filha mais nova, Laurentina, realizadora de cinema, tenta então reconstruir a atribulada vida do falecido músico. Em As Mulheres do Meu Pai, realidade e ficção correm lado a lado, a primeira alimentando a segunda. Nos territórios que José Eduardo Agualusa atravessa, porém, a ficção participa da realidade. As quatro personagens do romance que o autor escreve, enquanto viaja, vão com ele de Luanda, capital de Angola, até Benguela e Namibe.

Cruzam as areias da Namíbia e as suas povoações-fantasma, alcançando finalmente Cape Town, na África do Sul. Continuam depois, rumo a Maputo, e de Maputo a Quelimane, junto ao rio dos Bons Sinais - e dali até à ilha de Moçambique. Percorrem, nesta deriva, paisagens que fazem fronteira com o sonho, e das quais emergem, aqui e ali, as mais estranhas personagens. As Mulheres do Meu Pai é um romance sobre mulheres, música e magia.

Nestas páginas anuncia-se o renascimento de África, continente afetado por problemas terríveis, mas abençoado pelo talento da música, o sempre renovado vigor das mulheres e o secreto poder de deuses muito antigos.


 A Rainha Ginga

 A Rainha Ginga, conta a vida fantástica de Dona Ana de Sousa, a Rainha Ginga (1583-1663), cujo título real em quimbundo, "Ngola", deu origem ao nome português para aquela região de África.
É a história de uma relação de amor e de combate permanente entre Angola e Portugal, narrada por um padre pernambucano que atravessou o mar e recorda personagens maravilhosos e esquecidos da nossa história - tendo como elemento central a Rainha Ginga e o seu significado cultural, religioso, étnico e sexual para o mundo de hoje. 



 Um Estranho em Goa

 
Um escritor parte para Goa à procura de uma lenda - o Comandante Maciel, de seu verdadeiro nome Plácido Afonso Domingo, antigo comandante de guerrilhas, em Angola, ou, segundo outras versões, um agente infiltrado da polícia política portuguesa. O que encontra é uma lenda maior, e muitíssimo mais fascinante. Um Estranho em Goa é um roteiro por um território antiquíssimo, onde a realidade e a magia se passeiam de mãos dadas.
"O Diabo nunca anda muito longe do Paraíso" - lembra um dos personagens. Neste maravilhoso romance - que é, também, uma biografia do Diabo -, ele pode estar em toda a parte. O que une, afinal, um traficante de relíquias religiosas, uma bela e misteriosa historiadora de arte, especializada na recuperação de livros antigos, ou um sedutor empresário neopagão? E quem é Plácido Domingo?

Fonte: www.wook.pt