São João
Apesar de Santo António ser o mais conhecido, São João é o que detém a
maior festa. A animação dura dia e noite e todos estão prontos para a
"farra". Contudo, convém referir que se comemora São João do Porto,
padroeiro desta cidade, e não São João Baptista como muitas pessoas acreditam.
No Século IX, existia no Norte do país um eremita (pessoa que vive sozinha,
longe de todos) chamado João. Enquanto foi vivo deu muitos conselhos às pessoas
que lhe iam pedir ajuda. Quando morreu, descobriu-se que muita gente ia ao
sítio onde estava enterrado para chamar pelos seus poderes de santo.
No Século XII, uma rainha portuguesa trouxe a cabeça de S. João para o
Porto para ser venerada pelas pessoas, sendo que se acredita ser a cabeça que
está na capela da Santa Cabeça, da Igreja de Nossa Senhora da Consolação. Sendo que São João do Porto nunca foi aceite oficialmente, começou-se a
festejar o São João do Porto no dia 24 de Junho, a mesma data de São João
Baptista! Por coincidência, ambos os santos eram eremitas e "perderam a
cabeça"!
São João era primo de Jesus e ganhou o nome de "baptista"
exactamente porque batizava as pessoas no rio Jordão, derramando-lhes água
sobre as cabeças.
São João Baptista também vivia isolado de tudo e todos, como um eremita e
refugiava-se no deserto, alimentando-se de mel e gafanhotos. Sem ser dono de
nada, vestia apenas uma pele de carneiro.
Grande crítico da política romana era adorado pelo povo e odiado pelo Rei
Herodes, que o mandou aprisionar e decapitar, aproveitando um capricho da sua
filha, Salomé, que o amava (mas como João Baptista a rejeitou... O rei ficou com
um opositor a menos).
O dia 24 de Junho, data do seu nascimento, foi consagrado a São João.
Na noite de São João, a cidade do Porto muda completamente! Nas ruas os
foliões passeiam o alho porro (ou, hoje, os martelos de plástico), compram
manjerico e comem sardinha assada.
Tudo começa na Ribeira, mas depois do Fogo de Artifício, todos os anos à
meia-noite em ponto, a festa espalha-se pelos quatro cantos da cidade e só
termina ao nascer do sol.
Para espantar o cansaço vai-se parando nos bailaricos de bairro e salta- se
a fogueira! Manda a tradição que a festa culmine com um banho de mar na Foz! Também
aqui a festa de São João se mistura com as festas do início do verão, daí as
fogueiras e todas as "loucuras" da noite deste santo popular.
Popularmente, acredita-se que a noite de São João é considerada muito boa
para adivinhar o futuro.
Desde casamentos ao ano agrícola e ao clima, tudo se pode saber nesta altura!
Desde casamentos ao ano agrícola e ao clima, tudo se pode saber nesta altura!
Por exemplo:
- Em Beja põem-se, numa tábua, 12 montinhos de sal, aos quais
se dão os nomes dos meses. Passam depois a tábua pelo fumo de uma fogueira e
deixam-na ficar toda a noite ao relento da manhã. Antes de o sol nascer, correm
à tábua para examinarem qual dos montinhos de sal está mais húmido, e é então
que sabem quais os meses em que choverá mais, segundo os nomes que lhes deram e
a humidade de cada um.
- Em Trás-os-Montes, acreditava-se que o costume de as raparigas cortarem
as pontas do cabelo e, antes do nascer do Sol, as colocarem sobre uma silva
mansa fazia com que as pontas não voltassem a espigar.
- Em Lisboa diz-se que se na noite de São João a rapariga põe a mesa com
dois pratos, talheres e comida e à meia-noite começa a comer, no lugar vazio
surge-lhe a figura do futuro noivo.
- No Algarve, segundo a tradição local, enquanto as raparigas dançavam em
redor de um mastro enfeitado com madressilva e flores de São João, os rapazes
saltavam a fogueira, o que os tornava homens adultos e protegia as crianças das
doenças.
As mães passavam por cima das chamas (sem queimar, claro) as crianças
doentes ou fracas, e para todos era bom dizer quando saltavam a fogueira:
"Fogo no sargaço, saúde no meu braço. Fogo no rosmaninho, saúde no meu
peitinho."
Desde a Idade Média que a noite de
São João é considerada mágica, acreditando-se que as "mouras
encantadas" deixavam a forma de cobras, com que viviam todo o ano, e vêm à
tona da água com figura humana.
Na madrugada de São João vão as mouras
estender os seus tesouros à orvalha do campo. Esses tesouros ficam aí
encantados sob a forma de figos. Se alguém passa, os apanha e não os come,
transformam-se em verdadeiros tesouros. Se, porém, a pessoa que os apanha os
come, reduzem-se logo a carvão.
fonte: https://pt.slideshare.net/CristinaAlves9/os-santos-populares