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25/11/16

A opinião dos usuários


O usuário Luis García Bermejo leu o livro "A Voz da Terra" de Miguel Real e deixou-nos a sua opinião!

Obrigado, Luis!



 Romance histórico cujas personagens pertencem ao século XVIII, em 1755, altura em que Portugal é abalado por dois acontecimentos muito importantes, sendo o primeiro acontecimento o terramoto de 1 de novembro de 1755, que destruiu a vida e o orgulho dos habitantes de Lisboa, derrubada pela “Voz da Terra” com tremores repetidos, incêndios por toda a cidade com labaredas e colunas de fumo até às nuvens, e a seguir, a invasão do mar através do rio Tejo com ondas gigantescas de água que arrastavam tudo o que ficava na sua passagem.

O segundo motivo é o início da independência do Brasil, a começar por Pernambuco, assunto político encarregado ao senhor Júlio Telles Fernandes, rico comerciante brasileiro, para ser tratado com o senhor Sebastião José de Carvalho de Melo, primeiro-ministro de el-rei José I.
A presença do senhor Júlio Telles Fernandes em lisboa tinha ainda outros motivos:

Convencer os comerciantes lisboetas e portugueses em geral a investirem em projetos comerciais, comércio com o açúcar de cana do Brasil, criação de indústrias de faiança própria portuguesa e também transmitir um legado ao povo judeu brasileiro, a uma mulher – Violante Dias, prima da falecida mulher que consistia num anel que desde há muito passava de geração em geração. Violante Dias nessa altura era vigiada na cadeia da Inquisição em Lisboa por frades da Ordem dos Dominicanos, acusada de práticas de judaísmo.  

É evidente na “Voz da Terra” a importância da influência da Igreja Católica que, unida ao poder civil de el-rei e do primeiro-ministro nessa altura o todo-poderoso Marquês de Pombal atribuiu a desgraça causada pelo terramoto aos pecados do povo lisboeta.

Por esse motivo, a Igreja organizou procissões, rezas do terço e outros atos públicos de arrependimento coletivo e ao duvidou em agonizar os considerados culpáveis de qualquer desordem em fogueiras para exemplo das pessoas boas e crentes. Unida a essas execuções, refere-se na “Voz da Terra” a vingança do primeiro-ministro contra a nobreza portuguesa instigadora do atentado contra el-rei.

Do que mais gostei da “Voz da Terra” foi a linguagem muito rica em matizes lexicais, em imaginação, na estrutura dos capítulos e na perfeição do texto, escrito no século XXI com um estilo próprio do século XVIII.
Alguns dos capítulos são impressionantes, nomeadamente “auto de Fé”, que é um dos mais aberrantes pela atrocidade.