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06/10/10
Conto do Dia - Marido e Outros Contos
Marido
Salve, Regina, mater misericordiae, vita, dulcedo, spes, imensa doçura, salva e vem.
Vem e abafa a vida, a roupa, a sala e o fogão, abafa a espera com teu doce bafo. Ampara a vela, acende o fósforo, concentra o ar, protege da aragem a chama da vela até ele vir. Abafa o som, protege o som da ira dos inquilinos até ele tocar. Esconde-te invisível, acocora-te, vita, advocata, mãe suprema, minha Regina, para que não me deslargues, não desesperes, não me desconfines. Porque esperas? Abre as asas e protege já, protege de seguida, protege contínuo, sem intervalo, sem desfalecimento.
Protege desde hoje, desde ontem, desde as duas, desde as dez da noite, desde as cinco, protege baixo, protege alto, protege depois, protege ora, dentro de dez minutos, daqui a duas horas, protege à tarde, et nunc, et sempre, et amanhã, et seculorum, bem como agora e na hora da nossa morte, ámen.
(...)
in Lídia Jorge - Marido e Outros Contos, Lisboa, Dom Quixote.
Esta é uma das obras disponíveis na Biblioteca do Centro de Língua Portuguesa do Instituto Camões em Cáceres. Se quer ler mais textos deste autor visite-nos!