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25/01/10
Poema do Dia - Flor de Lapela
Flor de lapela
Pequeno ser
Que deu prazer,
E ao cabo, num ocaso descorado,
Jaz no passeio, abandonado,
Sem mágoa e sem memória.
Não é diversa a trajectória
Das flores maiores que somos nós...
Exibe-nos a Vida na lapela; a glória
Dura o que dura uma manhã de sol. Após,
Esgotada a cor, extinto o perfume,
A mão que nos colheu lança-nos fora,
P'ra que nos leve a carroça do estrume
Que vem na madrugada,
Ou, se chover, nos leve a enxurrada...
Flor ou bicho
Ou criatura,
Tudo é lixo
Na sepultura.
in Reinaldo Ferreira - Poemas, Lisboa, Vega, 1998
Esta é uma das obras disponíveis na Biblioteca do Centro de Língua Portuguesa do Instituto Camões em Cáceres. Se quer ler mais textos deste autor visite-nos!